NÃO CHORE POR MIM,
AMÉRICA-LATINA
AMÉRICA-LATINA
Diz a TV Pública da Argentina que num agendado encontro entre Manuel Zelaya e Hillary Clinton (a Condoleezza Rice branca) será decidido o futuro da América Latina.
Segundo o repórter da TV Pública, nesse encontro os E.U.A. finalmente tomarão uma posição definitiva, orientando Zelaya a se conformar com a perda do cargo pela força e truculência dos interesses da Chiquita Brands (ex-United Fruit, UFCO) e para o qual foi democraticamente eleito por seu povo. Se não isso, Hillary reafirmará os compromissos assumidos por Barack Obama perante o mundo, garantindo a Zelaya o rompimento de relações com o espúrio governo golpista de Micheletti.
Tendo essa resposta, saberemos quem é Obama. Seja quem for e mesmo que este artigo somente seja lido após a resolução do impasse que indicará o futuro do continente, ainda assim acredito que sejam válidas alguma questões que nos reportam a nossa história recente:
Será Barack Obama o Eisenhower de hoje que, em 1954, armou um bloqueio naval contra a Guatemala e com 400 homens, entre mercenários e militares contratados no próprio exército guatemalteco, derrubou o governo democraticamente eleito de Arbenz Gusmán?
Arbenz não era marxista. Apenas um nacionalista que acreditava na melhor distribuição de renda para a modernização do capitalismo em Guatemala.
Ou Barack Obama é a nova versão de um John F. Kennedy? Também democrata, também jovem, também sorridente e com discurso anti-racista, condenando, em campanha, o antecessor e seu vice-presidente (Eisenhower e Richard Nixon) por terem impelido Fidel Castro ao apoio soviético quando lhe recusaram aliança, solicitada assim que vitoriosa a revolução contra Batista. Mas em abril de 1961 (Kennedy assumira em janeiro), com apoio das Forças Armadas dos Estados Unidos e da CIA, exilados cubanos ligados a Fulgêncio Batista tentam invadir a Ilha pela Baía dos Porcos.
Poderia Barack Obama ser uma versão de Lyndon Johnson? Através de seu embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, apoiou o golpe militar de 1964 dispondo navios de guerra na costa brasileira para o caso de qualquer falha no plano de deposição de João Goulart.
É possível se imaginar de Barack Obama um Richard Nixon? Ordenará num telefonema o assassinato de Zelaya como Nixon pediu o assassínio do Salvador Allende do Chile. Por sinal, no mesmo ano em que seu Secretário de Estado: Henry Kissinger, promoveu o golpe do Chile, também o fez no Uruguai.
Coincidentemente Kissinger é muito próximo a Fernando Henrique Cardoso (ou vice-versa) que, então, também era assessor de Allende. Aliás, o judeu-alemão e norte-americano Henry Kissinger foi conselheiro de política externa de todos os governos norte-americanos desde Eisenhower até Gerald Ford, o sucessor de Nixon. E foi no governo Ford que Jorge Videla iniciou na Argentina uma das mais sangrentas ditaduras da história universal.
As ditaduras instauradas pelos Estados Unidos nos países latino-americanos foram tão cruentas que Jimmy Carter, sucessor de Ford, antes de assumir declarou que não as admitiria em seu governo. De fato, enquanto Carter governou nenhum golpe militar e político ocorreu nos países do continente, a não ser a vitoriosa revolução Sandinista que depôs uma das mais tirânicas, sangrentas e longa ditadura apoiada pelos Estados Unidos no continente: a de Somoza na Nicarágua. E o Canal do Panamá, tomado aos franceses por Theodor Roosevelt em 19O4, só foi devolvido em razão de um tratado assinado entre Carter e Omar Torrijos em 1977. Em 1981 Torrijos morreu em suspeitoso "acidente" aéreo.
Mas aí já era início do governo Ronald Reagan, durante o qual 7 mil soldados da Marinha, Aeronáutica e Exército norte-americanos, apoiados por 300 homens da Jamaica e de Barbados, invadiram a Ilha de Granada para lutar contra 1.500 soldados granadinos e 600 cubanos entre engenheiros e operários que construíam um aeroporto.
Em 1989 o vice de Reagan, ex-diretor da CIA e herdeiro de um dos maiores conglomerados de empresas dos Estados Unidos: George Bush, assume a presidência. Um dos principais negócios da família são os empreendimentos petrolíferos. As relações entre os interesses de Bush e o governo de Andrés Perez da Venezuela provocam sucessivos aumentos das tarifas de transporte naquele país, a despeito de ser um dos maiores produtores de petróleo do mundo, provocando em 1989 violentas manifestações populares e uma tentativa de golpe de estado. Preso durante 2 anos, um dos líderes vem a se candidatar à presidência para a qual é eleito em 1999: Hugo Chávez.
Já então os Estados Unidos eram governados por Bill Clinton, o único presidente democrata a conseguir reeleição na segunda metade do século XX. Clinton não promoveu golpes de estado, mas influiu diplomaticamente em apoio a diversos desastrados e corruptos governos liberais da América Latina que muito favoreceram aos interesses norte-americanos, sendo os mais notáveis Carlos Menem da Argentina e Fernando Henrique Cardoso do Brasil. Certamente as boas relações e negócios foram agenciadas pelo antigo assessor dos presidentes Republicanos: Henry Kissinger (um velho amigo de FHC) já então em hostes Democratas.
Será Obama um Bush negro?
Essa pergunta talvez seja respondida no encontro anunciado pela TV da Argentina. Talvez não. Pois se ao Bush presidente e dono de companhia de petróleo não importou a recomendação da ONU contrária a invasão do Iraque, que importará aos Bushes, donos da UFCO com o nome de Chiquita Brands, a resolução de um "negrinho" (conforme comentário de um alto escalão dos golpistas de Honduras) com uma Secretária de Estado aconselhada por Henry Kissinger?
Segundo o repórter da TV Pública, nesse encontro os E.U.A. finalmente tomarão uma posição definitiva, orientando Zelaya a se conformar com a perda do cargo pela força e truculência dos interesses da Chiquita Brands (ex-United Fruit, UFCO) e para o qual foi democraticamente eleito por seu povo. Se não isso, Hillary reafirmará os compromissos assumidos por Barack Obama perante o mundo, garantindo a Zelaya o rompimento de relações com o espúrio governo golpista de Micheletti.
Tendo essa resposta, saberemos quem é Obama. Seja quem for e mesmo que este artigo somente seja lido após a resolução do impasse que indicará o futuro do continente, ainda assim acredito que sejam válidas alguma questões que nos reportam a nossa história recente:
Será Barack Obama o Eisenhower de hoje que, em 1954, armou um bloqueio naval contra a Guatemala e com 400 homens, entre mercenários e militares contratados no próprio exército guatemalteco, derrubou o governo democraticamente eleito de Arbenz Gusmán?
Arbenz não era marxista. Apenas um nacionalista que acreditava na melhor distribuição de renda para a modernização do capitalismo em Guatemala.
Ou Barack Obama é a nova versão de um John F. Kennedy? Também democrata, também jovem, também sorridente e com discurso anti-racista, condenando, em campanha, o antecessor e seu vice-presidente (Eisenhower e Richard Nixon) por terem impelido Fidel Castro ao apoio soviético quando lhe recusaram aliança, solicitada assim que vitoriosa a revolução contra Batista. Mas em abril de 1961 (Kennedy assumira em janeiro), com apoio das Forças Armadas dos Estados Unidos e da CIA, exilados cubanos ligados a Fulgêncio Batista tentam invadir a Ilha pela Baía dos Porcos.
Poderia Barack Obama ser uma versão de Lyndon Johnson? Através de seu embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, apoiou o golpe militar de 1964 dispondo navios de guerra na costa brasileira para o caso de qualquer falha no plano de deposição de João Goulart.
É possível se imaginar de Barack Obama um Richard Nixon? Ordenará num telefonema o assassinato de Zelaya como Nixon pediu o assassínio do Salvador Allende do Chile. Por sinal, no mesmo ano em que seu Secretário de Estado: Henry Kissinger, promoveu o golpe do Chile, também o fez no Uruguai.
Coincidentemente Kissinger é muito próximo a Fernando Henrique Cardoso (ou vice-versa) que, então, também era assessor de Allende. Aliás, o judeu-alemão e norte-americano Henry Kissinger foi conselheiro de política externa de todos os governos norte-americanos desde Eisenhower até Gerald Ford, o sucessor de Nixon. E foi no governo Ford que Jorge Videla iniciou na Argentina uma das mais sangrentas ditaduras da história universal.
As ditaduras instauradas pelos Estados Unidos nos países latino-americanos foram tão cruentas que Jimmy Carter, sucessor de Ford, antes de assumir declarou que não as admitiria em seu governo. De fato, enquanto Carter governou nenhum golpe militar e político ocorreu nos países do continente, a não ser a vitoriosa revolução Sandinista que depôs uma das mais tirânicas, sangrentas e longa ditadura apoiada pelos Estados Unidos no continente: a de Somoza na Nicarágua. E o Canal do Panamá, tomado aos franceses por Theodor Roosevelt em 19O4, só foi devolvido em razão de um tratado assinado entre Carter e Omar Torrijos em 1977. Em 1981 Torrijos morreu em suspeitoso "acidente" aéreo.
Mas aí já era início do governo Ronald Reagan, durante o qual 7 mil soldados da Marinha, Aeronáutica e Exército norte-americanos, apoiados por 300 homens da Jamaica e de Barbados, invadiram a Ilha de Granada para lutar contra 1.500 soldados granadinos e 600 cubanos entre engenheiros e operários que construíam um aeroporto.
Em 1989 o vice de Reagan, ex-diretor da CIA e herdeiro de um dos maiores conglomerados de empresas dos Estados Unidos: George Bush, assume a presidência. Um dos principais negócios da família são os empreendimentos petrolíferos. As relações entre os interesses de Bush e o governo de Andrés Perez da Venezuela provocam sucessivos aumentos das tarifas de transporte naquele país, a despeito de ser um dos maiores produtores de petróleo do mundo, provocando em 1989 violentas manifestações populares e uma tentativa de golpe de estado. Preso durante 2 anos, um dos líderes vem a se candidatar à presidência para a qual é eleito em 1999: Hugo Chávez.
Já então os Estados Unidos eram governados por Bill Clinton, o único presidente democrata a conseguir reeleição na segunda metade do século XX. Clinton não promoveu golpes de estado, mas influiu diplomaticamente em apoio a diversos desastrados e corruptos governos liberais da América Latina que muito favoreceram aos interesses norte-americanos, sendo os mais notáveis Carlos Menem da Argentina e Fernando Henrique Cardoso do Brasil. Certamente as boas relações e negócios foram agenciadas pelo antigo assessor dos presidentes Republicanos: Henry Kissinger (um velho amigo de FHC) já então em hostes Democratas.
Será Obama um Bush negro?
Essa pergunta talvez seja respondida no encontro anunciado pela TV da Argentina. Talvez não. Pois se ao Bush presidente e dono de companhia de petróleo não importou a recomendação da ONU contrária a invasão do Iraque, que importará aos Bushes, donos da UFCO com o nome de Chiquita Brands, a resolução de um "negrinho" (conforme comentário de um alto escalão dos golpistas de Honduras) com uma Secretária de Estado aconselhada por Henry Kissinger?
Raul Longo
pousopoesia@ig.com.br
pousopoesia@gmail.com
www.sambaqui.com.br/pousodapoesia
Ponta do Sambaqui, 2886
88.051-001 - Floripa/SC
Tel: (48) 3206-0047
Fonte da ilustração: Site Rebelión, 28.1.2009.
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Fonte da ilustração: Site Rebelión, 28.1.2009.
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Confira
Entrevista do cientista político Moniz Bandeira, publicada no jornal A Tarde (Salvador-BA), reproduzida por Carta Capita, com o título "O golpe em Honduras e os neoconservadores dos EUA". Segundo ele, os militares hondurenhos não dariam um golpe de estado se não contassem com respaldo de alguns setores, nos Estados Unidos, que se opõem à política exterior do presidente Barack Obama, sobretudo com respeito à Venezuela, Cuba e à América Latina, e querem criar-lhe dificuldades. Bandeira acha provável que setores da CIA e do Pentágono, que se alinham com os neo-conservadores, tenham dado o sinal verde para a derrubada do presidente Manuel Zelaya. Íntegra.
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Acompanhe pela Rádio Globo Honduras
os detalhes da resistência do povo hondurenho
ao golpe civil-militar naquele país da América Central.
os detalhes da resistência do povo hondurenho
ao golpe civil-militar naquele país da América Central.
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