Cultura como estratégia
Finalmente nossos políticos, do Executivo e do Legislativo, começaram a perceber a importância estratégica das atividades e manifestações culturais. Nossos políticos: os federais, os estaduais e os municipais, dos maiores aos menos abastados municípios brasileiros.
Foram surgindo por todos os lados, em todos os cantos, as leis de incentivo à Cultura. No início ninguém sabia direito como a coisa funcionava, ou deveria funcionar, mas as leis iam sendo copiadas dali e coladas aqui, numa reprodução legiferante em ritmo geométrico, em escala geográfica extensiva. Surgindo as leis e as fundações culturais, os conselhos de cultura, as secretarias de cultura (surgindo as leis e os cargos de confiança a preencher, posto que, por uma sina qualquer, órgãos públicos ligados à Cultura nunca têm quadros de servidores estáveis e próprios, o pessoal todo é lotado por empréstimo ou por indicação).
Como se fazia Cultura antes de existir todo esse aparelhamento técnico e jurídico? Por favor. O chefe de momento distribuía favores à sua exclusiva discrição, contemplando afilhados, amigos e correligionários, pagando votos e dívidas de campanha. Coisa pouca, sempre: o dinheiro para impressão do livro, a ajuda para coquetel e convites da exposição, a liberação do teatro público para encenação da peça, coisas simples assim. Não havia critério para nada, menos ainda um processo democrático de apoio à Cultura.
A situação aos poucos se tornou insustentável e medidas firmes precisaram ser tomadas. Foram surgindo, então, as leis, as fundações, os conselhos e as secretarias. E os projetos e editais. A atividade se profissionalizou. Os políticos também.
A consequência lógica dessa evolução é óbvia: nossos políticos não demoraram a vislumbrar a importância estratégica da Cultura. Assim, a cada cinco reais destinados a editais e concursos, o gabinete imperial reserva 15 reais a “projetos especiais”, do interesse do rei. Isto lhe angaria súditos fiéis, agradecidos e submissos. E, agora, não se trata de custear apenas a impressão do livro, mas tudo o que a imaginação criadora puder agregar ao livro, tudo que possa inflar valores ao máximo.
Nossos políticos - Sarney, hoje, é o exemplo maior, o modelo supremo - descobriram a importância da Cultura como estratégia de ralo, por onde fazem escoar rios de dinheiro público para os seus bolsos privados.
Foram surgindo por todos os lados, em todos os cantos, as leis de incentivo à Cultura. No início ninguém sabia direito como a coisa funcionava, ou deveria funcionar, mas as leis iam sendo copiadas dali e coladas aqui, numa reprodução legiferante em ritmo geométrico, em escala geográfica extensiva. Surgindo as leis e as fundações culturais, os conselhos de cultura, as secretarias de cultura (surgindo as leis e os cargos de confiança a preencher, posto que, por uma sina qualquer, órgãos públicos ligados à Cultura nunca têm quadros de servidores estáveis e próprios, o pessoal todo é lotado por empréstimo ou por indicação).
Como se fazia Cultura antes de existir todo esse aparelhamento técnico e jurídico? Por favor. O chefe de momento distribuía favores à sua exclusiva discrição, contemplando afilhados, amigos e correligionários, pagando votos e dívidas de campanha. Coisa pouca, sempre: o dinheiro para impressão do livro, a ajuda para coquetel e convites da exposição, a liberação do teatro público para encenação da peça, coisas simples assim. Não havia critério para nada, menos ainda um processo democrático de apoio à Cultura.
A situação aos poucos se tornou insustentável e medidas firmes precisaram ser tomadas. Foram surgindo, então, as leis, as fundações, os conselhos e as secretarias. E os projetos e editais. A atividade se profissionalizou. Os políticos também.
A consequência lógica dessa evolução é óbvia: nossos políticos não demoraram a vislumbrar a importância estratégica da Cultura. Assim, a cada cinco reais destinados a editais e concursos, o gabinete imperial reserva 15 reais a “projetos especiais”, do interesse do rei. Isto lhe angaria súditos fiéis, agradecidos e submissos. E, agora, não se trata de custear apenas a impressão do livro, mas tudo o que a imaginação criadora puder agregar ao livro, tudo que possa inflar valores ao máximo.
Nossos políticos - Sarney, hoje, é o exemplo maior, o modelo supremo - descobriram a importância da Cultura como estratégia de ralo, por onde fazem escoar rios de dinheiro público para os seus bolsos privados.
*Amilcar Neves, escritor.
Crônica publicada na edição de hoje (15.7.2009)
do jornal Diário Catarinense.
Reprodução autorizada pelo autor.
Ilustração: Gallo Sépia.
Crônica publicada na edição de hoje (15.7.2009)
do jornal Diário Catarinense.
Reprodução autorizada pelo autor.
Ilustração: Gallo Sépia.
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