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C O T I D I A N O
I N V E R N A L
Ato contra estaleiro
*
Carta Baiana de
Emanuel Medeiros Vieira
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Frio na Serra
Fotos de Roberto Martins da Silveira e
Roberto Martins da Silveira Júnior
*
Tainhas do Farol
Fotos de João Batista Andrade
BAR DO CHICO
FOI DEMOLIDO
Gabriela Rovai, Débora Daniel (textos) e Zé Brasil (fotos)
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CHAMADA GERAL
ATO CONTRA O
ESTALEIRO OSX
C O T I D I A N O
I N V E R N A L
Ato contra estaleiro
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Carta Baiana de
Emanuel Medeiros Vieira
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Frio na Serra
Fotos de Roberto Martins da Silveira e
Roberto Martins da Silveira Júnior
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Tainhas do Farol
Fotos de João Batista Andrade
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FOI DEMOLIDO
Gabriela Rovai, Débora Daniel (textos) e Zé Brasil (fotos)
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CHAMADA GERAL
ATO CONTRA O
ESTALEIRO OSX
Convidamos a todos para comparecimento na sede do Conselho Comunitário Pontal do Jurerê, dia 17.07.2010, sábado, às nove horas, para início da passeata de protesto pela pretendida instalação do Estaleiro OSX, em Biguaçu, o que afetará nossa pesca, nossa maricultura, nossa gastronomia, nossa cultura, nossas praias, nosso turismo, nossos imóves e comprometerá nossa segurança.
QUEM QUISER PODE IR DIRETAMENTE
AO PEDÁGIO DA SC-401, ÀS 10 HORAS
AO PEDÁGIO DA SC-401, ÀS 10 HORAS
Avenida das Palmeiras, 566 Praia da Daniela.
CCPONTAL
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URGENTE
CARTA BAIANA:
E S T A L E I R O
Por Emanuel Medeiros Vieira
Nosso poder não é o da pecúnia ou do vil metal.
É o da palavra.
É o da capacidade de nos organizamos, não nos ilhando em nossos mundos interiores.
Pela inter-subjetividade das consciências, iluminados pelo diálogo humanizante, tentamos construir um mundo melhor.
Porisso a luta pela dignidade humana e pela preservação natureza pertence a todos nós.
Os efeitos perversos do estaleiro OXS não atingirão só uma região, como a de Biguaçu.
É impressionante como os argumentos - mesmo que recheado de lugares-comuns -, não mudam.
Subestimam a nossa inteligência.
"O estaleiro gerará empregos".
A que preço?
Tirará outros, maculará a natureza.
Ainda que não esteja comparando os gestores e apoiadores do projeto a malfeitores, em termos latos, seria como pedir que não se combatesse o tráfico porque isso geraria desemprego.
Leiam com clareza: não estou comparando os defensores do estaleiro a traficantes. Não é isso.
Nossa batalha é no campo das ideias.
Não adianta dizer: isso não é comigo, não me atinge.
Atinge a todos.
Temos de nos solidarizar com a luta do Celso Martins, do Raul Longo e de tantos outros humanistas combatentes.
Temos a palavra?
Temos.
Então, precisamos irradiar a nossa mensagem, numa espécie de evangelização laica: escrevendo, enviando e-mails, chamando para o nosso pleito e os nossos sonhos, outros corações
e mentes.
Afinal, fazemos parte da mesma humanidade.
Insistindo, não desistindo.
Nos repetimos?
Sim, porque para que nos escutem é preciso repetir à exaustão.
Quem vem "aquecido" de outras batalhas (como a da anistia e da democratização) sabe do que estou falando.
Insisto: o poder da palavra é enorme.
Eu sei: o do dinheiro também...
Vocês sabem o que diziam os promotores que, na Itália fascista, condenaram Antônio Gramsci?
"Não podemos deixar esse cérebro trabalhar".
Pois é. Ele ele continuou trabalhando. E sua mensagem ficou.
As intenções se revelam.
Em termos sumários, no apoio ao estaleiro, estão unidos a oligarquia reciclada e o petismo deslumbrado (afora outras sombrias forças que já conhecemos).
A ocasião faz o ladrão?
Não, a ocasião revela o ladrão, já ensinava Machado de Assis.
Lembro das palavras de Marco Túlio Cícero: "É um mal tentar com dinheiro o que se deveria conseguir com a virtude."
(SALVADOR, JULHO DE 2010)
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FRIAGEM NA SERRA
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TAINHAS NO FAROL
TAINHAS NO FAROL
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Na manhã gelada
Bar do Chico
foi demolido
Na manhã gelada
Bar do Chico
foi demolido
Por Gabriela Rovai
Por Gabriela Rovai
A cena era de desolação. O ponto de encontro de gerações, símbolo da cultura e da história do Campeche estava no chão. Às 11h30 da fria sexta-feira, 16 de julho, apenas entulhos restavam do bar do Seo Chico, uma casa simples de madeira localizada nas dunas da praia do Campeche, Sul da Ilha de Santa Catarina.
O vento Sul parecia protestar contra tamanha irracionalidade. O bar que segundo a Justiça não poderia permanecer de pé por prejudicar o meio ambiente contrastava com a cadeia de prédios erguidos no condomínio Essence, a cerca de 500 metros da li. O condomínio cujas construções interferiram inclusive no lençol freático ganhou todas as licenças ambientais para ser construído. Bares chamados de “lounges” continuam ocupando as dunas das praias badaladas da Ilha.
A demolição baseada na decisão assinada pelo juiz Hélio do Valle Pereira há três semanas, estava programada desde segunda-feira, 12. Ninguém ficou sabendo. Dois policiais militares, os motoristas do pesado maquinário, dois fiscais da Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram), cinco ou seis moradores, entre eles o incansável presidente da Associação dos Moradores do Campeche, Ataíde Silva e um operário do Essence - sentado numa duna no horário de almoço -, olhavam as ruínas em silêncio.
Minutos depois, correntes de internautas indignados correram a rede. Dor, tristeza e revolta eram os sentimentos da maioria. Muitos lutaram por dez anos ao lado da família de Francisco Alexandrino Daniel, por meio de assinaturas em projetos de tombamento ou dando um abraço em torno do bar, impedindo a demolição. “A ordem era para que a gente não demolisse caso os moradores estivessem no bar protestando. Como não tinha ninguém, nós demolimos”, disse um fiscal da Floram.
Naquele momento, Chico recebia a notícia em sua casa. Há quatro dias teve alta do hospital, para onde foi por conta da diabetes e do câncer linfático. Sempre que a possibilidade de demolição surgia, Chico ficava com o organismo alterado.
O homem de 86 anos, que toma banho de mar uma única vez no ano, na Sexta-Feira Santa, e sabe o nome de todos os presidentes brasileiros de cor, perdia uma das razões de sua vida.
Todos os dias, há 29 anos, lá ía o velho Chico andando pela ruazinha de terra chamada Gravatá ou “rua do bar do seo Chico”. No caminho, conversava com os vizinhos, contava e ouvia as novidades. Sempre gentil, sorrindo, fazendo novas amizades, até chegar na praia para ver como estava o bar.
Surfistas, aposentados, biólogos, jornalistas, estudantes, crianças, cineastas, professores, pescadores, catarinenses, paulistas, canadenses. Não havia ninguém que, freqüentador da praia, não conhecesse a figura impar de cabelos brancos e humor afiado, que não tivesse degustado uma cerveja gelada nas mesinhas de madeira ou simplesmente tivesse ficado olhando as condições do surf e a Ilha do Campeche, da varandinha do bar que não existe mais.
A cena era de desolação. O ponto de encontro de gerações, símbolo da cultura e da história do Campeche estava no chão. Às 11h30 da fria sexta-feira, 16 de julho, apenas entulhos restavam do bar do Seo Chico, uma casa simples de madeira localizada nas dunas da praia do Campeche, Sul da Ilha de Santa Catarina.
O vento Sul parecia protestar contra tamanha irracionalidade. O bar que segundo a Justiça não poderia permanecer de pé por prejudicar o meio ambiente contrastava com a cadeia de prédios erguidos no condomínio Essence, a cerca de 500 metros da li. O condomínio cujas construções interferiram inclusive no lençol freático ganhou todas as licenças ambientais para ser construído. Bares chamados de “lounges” continuam ocupando as dunas das praias badaladas da Ilha.
A demolição baseada na decisão assinada pelo juiz Hélio do Valle Pereira há três semanas, estava programada desde segunda-feira, 12. Ninguém ficou sabendo. Dois policiais militares, os motoristas do pesado maquinário, dois fiscais da Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram), cinco ou seis moradores, entre eles o incansável presidente da Associação dos Moradores do Campeche, Ataíde Silva e um operário do Essence - sentado numa duna no horário de almoço -, olhavam as ruínas em silêncio.
Minutos depois, correntes de internautas indignados correram a rede. Dor, tristeza e revolta eram os sentimentos da maioria. Muitos lutaram por dez anos ao lado da família de Francisco Alexandrino Daniel, por meio de assinaturas em projetos de tombamento ou dando um abraço em torno do bar, impedindo a demolição. “A ordem era para que a gente não demolisse caso os moradores estivessem no bar protestando. Como não tinha ninguém, nós demolimos”, disse um fiscal da Floram.
Naquele momento, Chico recebia a notícia em sua casa. Há quatro dias teve alta do hospital, para onde foi por conta da diabetes e do câncer linfático. Sempre que a possibilidade de demolição surgia, Chico ficava com o organismo alterado.
O homem de 86 anos, que toma banho de mar uma única vez no ano, na Sexta-Feira Santa, e sabe o nome de todos os presidentes brasileiros de cor, perdia uma das razões de sua vida.
Todos os dias, há 29 anos, lá ía o velho Chico andando pela ruazinha de terra chamada Gravatá ou “rua do bar do seo Chico”. No caminho, conversava com os vizinhos, contava e ouvia as novidades. Sempre gentil, sorrindo, fazendo novas amizades, até chegar na praia para ver como estava o bar.
Surfistas, aposentados, biólogos, jornalistas, estudantes, crianças, cineastas, professores, pescadores, catarinenses, paulistas, canadenses. Não havia ninguém que, freqüentador da praia, não conhecesse a figura impar de cabelos brancos e humor afiado, que não tivesse degustado uma cerveja gelada nas mesinhas de madeira ou simplesmente tivesse ficado olhando as condições do surf e a Ilha do Campeche, da varandinha do bar que não existe mais.
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D E S A B A F O
D E S A B A F O
"Amigos e amigas,
Na manhã desta sexta-feira, dia 16 de julho, a FLORAM e seus homens derrubaram o Bar do Chico. Chegaram de manhã cedo sem avisar ninguém, com PM's, Guarda Municipal, etc..
Para quem não sabe, a ação de Derrubada do Bar nasceu na gestão da então Prefeita, Angela Amin, em 1999 e de autoria de Elizabete Amin. A ação era uma tentativa de calar o movimento organizado do Campeche, acabando com o lugar de encontro desse pessoal (professores da UFSC, Biólogos, Jornalistas, e/ou os chamados eco-chatos). Um deles, em especial, fazia forte oposição a gestão Amin na Câmara de Vereadores, e era filho do Seu Chico.
A luta para manter o Bar que representa, na opinião de muitos, a praça que o Campeche não tem, durou mais de 10 anos através da mobilização de muita gente, através de projetos de tombamento, ações judiciais e abraços ao lugar.
Na manhã desta fria sexta-feira, contudo, fomos vencidos mais uma vez por essa cultura política de perseguição aos movimentos sociais da cidade.
Abraços, Débora Daniel"
Na manhã desta sexta-feira, dia 16 de julho, a FLORAM e seus homens derrubaram o Bar do Chico. Chegaram de manhã cedo sem avisar ninguém, com PM's, Guarda Municipal, etc..
Para quem não sabe, a ação de Derrubada do Bar nasceu na gestão da então Prefeita, Angela Amin, em 1999 e de autoria de Elizabete Amin. A ação era uma tentativa de calar o movimento organizado do Campeche, acabando com o lugar de encontro desse pessoal (professores da UFSC, Biólogos, Jornalistas, e/ou os chamados eco-chatos). Um deles, em especial, fazia forte oposição a gestão Amin na Câmara de Vereadores, e era filho do Seu Chico.
A luta para manter o Bar que representa, na opinião de muitos, a praça que o Campeche não tem, durou mais de 10 anos através da mobilização de muita gente, através de projetos de tombamento, ações judiciais e abraços ao lugar.
Na manhã desta fria sexta-feira, contudo, fomos vencidos mais uma vez por essa cultura política de perseguição aos movimentos sociais da cidade.
Abraços, Débora Daniel"
Um comentário:
Deplorável, um julgamento político joga ao chão um bem apropriado pela comunidade do Campeche. Pergunto, demolirão tantas outras irregulares OBRAS CONSOLIDADAS em áreas de preservação? Então comecem pelo empreendimento Costão do Santinho, o próprio nome já diz.
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