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e a crônica de Amílcar Neves
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A resistência ao Estaleito OSXe a crônica de Amílcar Neves
SIFRA (ou cifras?)
PARA TRANSFORMAR
FREVO EM RÉQUIEM
Por Raul Longo
PARA TRANSFORMAR
FREVO EM RÉQUIEM
Por Raul Longo
Melancolicamente, ao final do governo que mais fez pela preservação da qualidade de vida do povo brasileiro, se está ameaçando com a perpetração do que será o maior crime sócio/ambiental da história do Brasil, depois da invasão amazônica dos anos 70, durante a ditadura militar.
E o mais lamentável é que se o faz com o apoio e o aval de importantes nomes e cargos deste governo que muito fez por merecer um desfecho mais memorável e sem a mancha de ser aquele onde se iniciou a degradação humana e paisagística de um dos mais belos e internacionalmente valorizados pontos turísticos do país, composto por uma de suas sociedades de mais singulares características.
Um crime estúpido e desnecessário, por meras exigências de máxima lucratividade com o mínimo investimento do homem mais rico do país. Crime cometido através do ludibrio de uma população tímida e ingênua e da compra de abjetos políticos prostitutos sem o mínimo pudor de se reafirmarem como tal na lembrança de todos, brasileiros e estrangeiros, que um dia tenham conhecido e admirado a bela Ilha de Santa Catarina e suas cercanias.
Nem todo mundo em Biguaçu se deixou levar pelo canto da seria. Dezenas de moradores realizam hoje (21.7) uma passeata para denunciar os danos que o Estaleiro OSX vai trazer ao município. A concentração começa às 14 horas em frente ao Fórum Local. Às 15 horas eles seguem na direção do Centro de Eventos Petry. "Contamos com a presença de todos os prejudicados com essa loucura. Povo do Norte da Ilha: pedimos sua solidariedade", diz o chamado para o protesto.
Em reunião realizada no sábado (dia 10/07) a Associação de Moradores de Vargem do Bom Jesus - AMVBJ, tirou seu posicionamento contrário a instalação do estaleiro no local proposto (Biguaçu). Além de todos os impactos ambientais, o empreendimento modificará radicalmente a vocação turistica da Baía Norte e para qual nosso Estado vem a muitos anos direcionando seu planejamento territorial e suas políticas públicas. Além disso atividades econômicas consolidadas em cadeias produtivas sustentáveis como a maricultura e a pesca artesanal serão definitivamente prejudicadas.
Como resultado da reunião da AMVBJ, tiramos ainda a necessidade ampliar a discussão sobre o estaleiro com a participação das diversas comunidades locais, para tanto acreditamos ser a UFECO o fórum legítimo para promover e articular tal discussão.
att
Secretaria
Associação de Moradores da Vargem do Bom Jesus (AMVBJ)
amoradoresvbj@yahoo.com.br
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Atendendo ao pedido do Abud
Por Amílcar Neves*
Atendendo ao pedido do Abud
Por Amílcar Neves*
O Abud mora nos Estados Unidos. Chegou lá quase quando o Cabral abordava as costas da Bahia. Ou seja: faz muito tempo que o Abud está lá. Ele trabalha nos States, tem empresa por lá. O nome dele é Abud mas ele é brasileiro. Na verdade, ele nem se chama Abud, Abud é apelido. O nome acho que nem lembro qual é. Virou Abud desde cedo, para o resto da vida.
Sabe-se que, nos tempos de faculdade, o Abud vendeu um toca-discos portátil para o Manoel Osório. Eles se conhecem desde a Primeira Missa. Dito assim, vendeu um toca-discos portátil, parece uma coisa banal, sem importância. Vivemos hoje vendendo e comprando não só coisas portáteis pequeníssimas como coisas virtuais. Arquivos eletrônicos com programas, textos, fotos e filmes, por exemplo. Créditos para celular, outro caso muito comum.
Mas naquele tempo, disse Jesus, ou uns dez anos antes, toca-discos vinha num móvel enorme e pesado de madeira maciça. Mandava-se buscar longe, um caminhão entregava em casa poucas semanas depois numa caixa de madeira. Servia para tocar discos de vinil, os vistosos long-playings (LPs) pretos de 12 polegadas de diâmetro. Eles giravam a 33,3 RPM (rotações por minuto) enquanto a agulha de diamante na extremidade do braço percorria os sulcos do vinil. Assim se fazia a música. Ou melhor: assim se reproduzia a música.
Destarte, um toca-discos japonês portátil (o Japão na época era a China de hoje) era algo deslumbrante, revolucionário e moderno. E o Abud vendeu uma dessas maravilhas para o Manoel Osório. Provavelmente pelo fato de o Abud viver vendendo bagulhos para colegas e não colegas é que ele passou a ser chamado de Abud. O turco, o libanês, algo assim.
Pois o Abud reclama dos e-mails que vem recebendo há uns tempos: são "transcrições de médicos, padeiros, professores, etc, mormente falando mal de nosso Presidente". Ele sabe que a maioria deles tem falsa autoria. E observa: "É interessante notar que não tenho visto nenhuma crônica ou ensaio expressando algum apoio a quem tem divulgado tão bem nosso país em outros continentes." O Abud completa: "Seria salutar ver, de tempos em tempos, algumas referências a favor do Presidente, pois creio que com uma aprovação (recente) superior a 70% ele deve ter escribas favoráveis à sua pessoa, mesmo com falsos perfis."
Fica aqui o apelo: vamos atender ao pedido que vem lá de longe do amigo Abud?
*Amilcar Neves é escritor com sete livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 32 coletâneas e 44 premiações em concursos literários no Brasil e no exterior. Crônica publicada na edição de hoje (21.7) do jornal Diário Catarinense (Florianópolis-SC). Reprodução autorizada pelo autor.
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